quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Eu saio, tu sais, eles SAIÃO!!!!


Ola Povo do Blog,

Mais uma pesquisa de nosso amigo Kambami.Como bem elucida ele, ervas tanto curam como matam.Então antes de sair comendo capim por ai para ver se ficam fortes como um touro, procurem um especialista ou tenham a certeza que o sacerdote tem uma tradição, uma história dentro da religião.

Um tema que traremos a baila em breve novamente será justamente o cuidado com ervas e plantas nos rituais de Umbanda e Candomblé.

Talvez incoscientemente, movidos pelo desejo em ajudar, médiuns em transe, em incorporação acabam deixando se levar pela empolgação e receitando misturas de ervas e plantas, tanto para ingestão quanto para uso externo, que acabam causando danos permanentes aos usuários.
Tais danos se levados a judíce podem ser considerados curandeismo, com penas severas.

Segue o saião, que não é uma saia grande..kkkk



                    AS DIFERENTES FOLHAS DA FAMÍLIA KALANCHOE


            Há uma enorme variedade de ervas, irmãs e primas poderíamos dizer, o fato de chamarmos o Saião com o nome de sua irmã Folha da Fortuna não corrompe medicinalmente a função de ambas, mas sim a função litúrgica.
                        
           Colocarei aqui o que aprendi e em nenhum momento estarei eu anulando o uso ao quais outros irmãos façam diferentes destes, apenas apelo para o cuidado.

USO RITUAL
 

                Nativa das regiões tropicais asiáticas foi introduzida há muito na América tropical, ocorrendo em todo território nacional.
            Em Ilè-Ifè, terra de Ifá, em território Yorùbá no sudeste africano, nas cerimônias para Obatalá e Yemowo, após os sacrifícios, as imagens desses orixás são lavadas com uma mistura de folhas, sendo uma delas o àbámodá (Verger 1981:255), que também é conhecida pelos nomes Yorùbá èwè erú òdúndún, èwè kantí-kantí e èwè kóropòn (Verger 1995:641.
              Ábámodá segundo Dalziel (1948:28), em dialeto Yorùbá significa "o que você deseja, você faz" e em outras traduções “Seus desejos vem fácil”; todavia, quando chamada de erú òdúndún (escravo de Oodúndú) é considerada como folha subordinada e afim, que pode eventualmente substituir o òdúndún (Kalanchoe crenata(Andr.)Haw), segundo a cosmovisão jeje-nagô.


                      No Brasil, alguns zeladores-de-santo consideram que a folha-da-fortuna pertence a Xangô; todavia, uma grande maioria faz uso desse vegetal para diversos Òrìsà, Jinkisis e Voduns, confirmando, desse modo, a tradição africana de que ela pertença aos Òrìsà, Jinkisis e Voduns – funfun = Os Orixás brancos da criação (originais), pois quando é um vegetal usado para vários orixás é porque, com raras exceções, normalmente ele está ligado a Ifá ou Oxalá.
            
                    Uma característica dessa planta é o surgimento de muitos brotos nas bordas das folhas, fato associado à prosperidade;



                     Por isso sua utilização é frequente nos rituais de iniciação, àgbo, banhos purificatórios, sacralização dos objetos rituais dos orixás, lavagem dos búzios e das vistas e para assentar Èsù de mercado".

                    Já sua representante conhecida em solo brasileiro seria o SAIÃO ( Kalanchoe brasiliensis Camb )




                     O uso crescente e a falta de uma informação científica ou mesmo literária sobre determinadas ervas que foram trazidas muitas vezes de outros continentes e aqui se adaptaram e tornaram-se intimas da cultura local tem feito com que estudiosos comecem a direcionar suas atenções para as mesmas como podemos ver em texto de estudo de Trabalho de Iniciação Científica das pesquisadoras, Tatiana Silva Forte, Andréa Nilza Melo Diogo, Rita Cristina Azevedo Martins do CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PARÁ.
                  
                  (...)"Neste sentido, destaca-se a espécie Kalanchoe pinnata Lam (Kp), planta do gênero Kalanchoe (Crassulaceae) conhecida como folha da fortuna, coiruma, coirama-branca, coirama-brava, orelha de monge, saião, erva da costa, regionalmente como pirarucu, muito encontrada em países com clima tropical, nativa da África e amplamente disseminada no Brasil apresentando facilidade de adaptação climática e pelo seu caráter invasor (Taylor, 2004). 
               A Kalanchoe é muito utilizada em medicina popular em alguns países, como Brasil, Índia, África, Irlanda, para o tratamento de diversas afecções, como por exemplo, lesões gástricas; antiinflamatório; Efeito imunossupressor, anti-leishmaniose, Efeito analgésico, antiinflamatório e antipirético; atividade antimicrobiana de gânglios e infecções de vias urinárias e genitais, antifúngico, efeitos *antinociceptivo, antiinflamatório e antidiabético e atividade tocolítica . As atividades, citadas acima estão relacionadas com seus constituintes químicos, representados essencialmente por flavonóides glicosídicos, taninos, lipídeos, terpenos e alcalóides, entre outros (Stevens et. al., 1995; Taylor 2004), os dados acima mostram o grande interesse e a atenção que este vegetal vem recebendo ao longo dos anos por muitos pesquisadores".(...)

Obs: *ANTINOCICEPTIVO - Segundo Dilvo Bigliazzi Jr., "nocicepção é a função de nosso organismo que detecta estímulos lesivos aplicados sobre o mesmo, como uma agulhada, queimadura etc.. Assim antinociceptivo seria algo que impediria esta função, por exemplo algo que abolisse a dor da agulhada, uma anestesia faria isto, aboliria a dor da cirurgia e bloquearia a nocicepção".
E uma outra explicação de Lelington Lobo Franco: "Caracterização da atividade antinociceptiva de peptídeos homólogos ao C-terminal da proteína S100A9 murina. Ação sobre neurônios sensoriais via canais de cálcio dependentes de voltagem do tipo N."  (http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/newsletter/news_062008.html)


                O que podemos perceber é que todas pertencem a mesma espécie porem não ao mesmo gênero o que pode determinar que muitas dessa família podem ter efeitos diversos desde santas nas curas como venenosas. Logo tenho por experiência sempre elucidar que ervas só devem ser utilizadas por quem as conhece em seu íntimo, tradições muitas vezes são acometidas de erros por serem passadas apenas na oralidade.

                  Exemplos como esses podemos perceber no Boldo, no Louro, e em várias outras ervas, folhas, raízes, sementes e cascas que também contribuem na dificuldade do entendimento pela variedade de nomes regionais as quais recebem.

             Por essa dificuldade é que um dos elementos litúrgicos mais usados pelos africanos como sementes e cogumelos são ou foram desconsiderados pela cultura afro-americana.

Pesquisa realizada por Claudio Kambami.

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