segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Os Gêmeos na visão Banta

Ola, dando continuidade a respeito dos "gêmeos", mais um pouco de material do Cláudio.

Os Gêmeos na visão Banta

  

África não é só Yorùbá nem somente Nigéria, África é Continente onde a aranha que a teceu deixou pontas da teia nos seus extremos.

Não podemos afirmar nada dentro da cultura africana, mesmo por que ela em si manteve migrações de grupos de um canto ao outro já que as tribos sempre procuravam por locais melhores assim como os Gnus atravessam grandes extensões em busca de pastagem.

Supõem-se então que dificilmente não houve aculturação entre eles mesmos.

Iremos então perceber que as informações que nos chegaram é que, guardadas as diferenças, são muito similares em relação ao trato de gêmeos e sua importância.

Os gêmeos da mesma forma que na cultura Yorùbá estão ligados ao a crenças tanto de perigo como de satisfação.
Podemos perceber a descrição feita sobre os Abiku na cultura Yorùbá e similarmente ao Uafu zá-kuíza na cultura Banta.

O que seria o Uafu zá-kuíza?

Ele é o “vai-e-vem da morte” e assim como na outra cultura está ligado sempre ao vento, ao sopro, ao elemento Ar, pois é dele que se entende a vida.

Uafu zá-kuíza esta ligado ao Nkisi Kitembu, pois é dele que se observam as tendências do que seja bom ou ruim. Os caminhos.



Na cultura Bantu, entendemos a palavra “Ere” (espírito infantil) como CAFIOTO e nada tem em relação com os Gêmeos Kabasa e Kakulu (Os Suku na cultura Bantu) que também tem relação com o Deus Suku Nzambi (segundo, PEPETELA).

Estes de fato são observados como uma benção vinda dos céus, e seu povo os trata com uma satisfação muito grande e desconfiada ao mesmo tempo, pois terão de verificar se houve penetração dos espíritos que se escondem nos troncos da floresta (Mpaku).

Sabendo-se que é a Floresta o mais temível desconhecido desses povos, eles sempre esperam de tudo em relação a ela.

Algumas tribos bantas acreditam que um homem não pode ter gerado em uma mulher dois seres, logo crêem eles serem obras de um espírito chamado Mulunji Mujimu.

Tudo dentro da cutlura Bantu vem relacionado ao Muxima (coração) que para eles é de vital importância, pois creem que uma pessoa de boa cabeça pode ser influenciada e se perder, porem uma pessoa de bom coração (Muxima Puena) nunca.

Os Bantu diferentes de muitas outras culturas africanas, crêem somente na reencarnação de crianças e nunca de pessoas velhas.



Um velho para eles é alguém que já trilhou o conhecimento, já aprendeu tudo que deveria e chegou a esta idade por manter um Muxima Puema intacto.

Uma criança porém, passará por todas as provações que a vida irá lhe impor e nesse percurso, mesmo cientes de terem nascidos bons, poderão se perder na caminhada.

Toda criança quando nasce recebe logo amuletos de Mafú/Mukundus e etc... (Mpemba sagradas) e Kapuri, fetiches elaborados pelo Nganga que devem permanecer presos aos tornozelos e pescoço dos mesmos até que atinjam uma idade de compreensão.

É quando começam a receber os ensinamentos dos mais velhos e dali se verifica se seguem bem ou se são rebeldes.
Muitas vezes ao perceberem a rebeldia ou o descaso em cumprir as determinações acabam por prejudicar a família que é orientada a sair da aldeia.

Algumas tribos também nesse caso realizam de imediato o infanticídio, sendo que o respeito do enterro é preservado já que necessitam e querem ter esta criança de volta sem problemas.

Vale lembrar que para algumas dessas tribos a situação "gêmea" é vista como um mesmo ser que se divide em dois corpos não importando também a diferenciação sexual, como podemos perceber nessa escultura abaixo onde tentam representar não o corpo e sim o espírito duplo.






Por esse motivo ela é enterrada em volta da casa abaixo da goteira do telhado, pois poderá receber a água e brotar como uma semente bem alimentada. (Renascer em um outro corpo mais forte), pois ao morrerem Kitembu lhe retira o Mukua (O hálito quente da vida) e o leva para Nzambi trazer a outra semente que brote, reencarnação.

Ainda assim seu corpo deve estar com a cabeça para o nascente do Sol e os pés para o poente, diferente dos adultos que são enterrados com a cabeça para o poente e os pés para o nascente já que por terem trilhado uma vida merecem descanso ao lado de Nzambi. (Seria Nzambi uma variação de Amon-Rá dos Egípcios?)

Diferente do Kulunji (Inteligência) e do Ku Mukutu (Corpo) que desaparecem e apodrecem tomando parte de seu dono Ntoto (a terra).

Obs: Ntoto – Terra mineral
Ixi – Terra Planeta


Há a crença de que quando a mulher está menstruada, seu corpo está aberto e é nesse caso que crêem que os Mulunji Mujimu saem das tocas (Mpaku) e se adentram ao útero da mulher prenha se instalando no corpo do feto.
Estes espíritos “ruins” para eles têm a forma de um homem adulto, mas com a estatura pequena como um bebe daí sua facilidade em penetrar na mulher.



Outra confusão que é percebida no Candomblé brasileiro é a comparação de Nvunji com os Erês quando no entendimento da cultura Nvunji é um Nkisi da justiça e por ser justo e está ligado a toda essa concepção de Kitembo, que já descrevi aqui narrando a Lenda do reino de Matamba, que estão sempre junto as crianças que ficaram órfãs.

(Peguem a lenda abaixo).

Entende-se então que na crença Bantu o coração é a coisa mais importante num ser e estes estarão sempre na aldeia de Nzambi (Sanzala kasembe dia Nzambi) , enquanto os que demonstram maldade (Uaiba Muxima) poderão ser resgatados para uma nova oportunidade ou permanecerem no erro e ficarem presos a Sociedade de Dianda onde permanecerão como Ufunje criando um circulo contínuo de aborto (Uafu zá-kuíza), pois nunca conseguem passar do tempo de gestação caso não aceitem um novo pacto.

Para a correção de tal acontecimento muitas vezes o Nganga é chamado para verificar nos oráculos (Ngombo) a solução onde sempre estarão presentes também outros sacerdotes como o Kimbanda o Tata Unsaba, dentre outros e para firmar com o novo espírito um novo pacto para que permaneça na Terra e aprenda.






Para tal são elaborados dentre muitas coisas (já descritas acima) os chamados encantos.

Bem minha intenção não é aprofundar no tema e sim dar alguns esclarecimentos sobre cada cultura e suas visões sobre o tema gêmeo.

Este trabalho de pesquisa elaborei exatamente para tentar dar um pouco de cultura aos meus irmãos/ãs que praticam o chamado Candomblé de Angola/Kongo e direcioná-los aos significados de cada ato e cada descrição dessa cultura perdida, costurando uma coisa a outra e dando embasamento para os muitos porquês que chegam dos Munzenzas.

Kamoxi ionene kandandu ua kioso, ku polo ia Nzambi eme ki ngi mutu ami.
(Um grande abraço a todos vocês, diante de Deus não sou ninguém.)

Nganga Kambami, ni ndonda.

Esta matéria é arquivo antigo do antigo (http://fotolog.terra.com.br/kambami) que deixou de existir desde 2008. Lembro ainda que é apenas uma concepção rápida e que o universo Bantu é de uma riqueza muito grande.



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UM CONTO DA LINDA HISTÓRIA DE KITEMBU
Por – Cláudio El-Jabel (Kambami)



Estamos no reino de Matamba um dos maiores reinos existentes na antiga Áfrika.
Segundo o Dr. Virgilio Coelho, Vice-Ministro da cultura de Angola” palestra em 04/03/2005 baseada em seu livro (COELHO, Virgilio – A Historiografia sobre o “Reino do Ndòngò” no contexto da História de Angola, pagina 271). Diz-nos então, “Tal processo de unificação se desdobrou na região de Mátàmba, onde num tempo diferente se iniciaria a dispersão de linhagens provocada pela inexistência de espaços para a prática da agricultura”.
É nesse reino onde a governante uma mulher de fibra, uma guerreira como nenhuma outra foi que ocorre toda esta história, onde a briga de poder revela-se na verdade a briga pelo amor e arrebata todo um reino de deuses para que o conflito tenha um desfecho de equilíbrio e um final feliz.
Baseado nesse estudo, resolvi escrever o que me veio ao coração e pela experiência vivida dentro da cultura a qual nasci, Candomblé de Angola, mesmo tendo como iniciador um Bokunon/Vodunsi que por ordem escrita da Mameto Kuenda Legi deveria ele ser o responsável pelo ritual de sua passagem.
Com ele aprendi sobre as 3 Nações do Candomblé e acabei por receber obrigações iniciáticas em todas, logo, me permito brincar com a história e criar uma lenda não na intenção de manchar a mesma e sim de mantê-la viva, nem que seja aos corações.
“KILUMBU KIMOSI”
( “ERA UMA VEZ”... POIS É ASSIM QUE TODA HISTÓRIA DEVE COMEÇAR)
Diz uma lenda que Kitembu gostava de virar o tempo apenas para ver Matamba soprar seu vento. Na verdade Kitembu era apaixonado por Matamba, porém ambos orgulhosos de si não prestavam atenção em seus “muximas” (corações) e cada qual lutava para ser mais poderoso que o outro.
Matamba porém estava apenas fazendo um charme, feminina e vaidosa, adorava ser cortejada mais sem dar muita atenção acaba por ferir os sentimentos de Kitembu.
Matamba cuidava de seu reino e detinha uma força descomunal uma verdadeira rainha e não se curva a Kitembu que enfurecido por não conseguir a sua atenção, resolve ir embora e sair das terras de Matamba.
O dia amanhece e ao perceber a falta de seu amado sem ter com ele conversado fica enfurecida e procura sem sucesso Kitembu por todo o canto de seu reino.
Matamba então achando que ele poderia estar escondido pela floresta resolve soprar seu vento o mais forte que consegue e com essa atitude de cólera, Matamba acaba por derrubar toda a floresta de suas terras fazendo com que as plantas se curvem e quebrem, os animais que dela dependem, saiam também das terras a procura de outras florestas.
A terra torna-se árida em plantas e bichos, um verdadeiro deserto e por sua fúria descabida, trás a seu povo a fome e a miséria.
Nkosi que a tudo observa da montanha, desce para saber o que houve e ao avistar Matamba, pergunta-lhe o que está ocorrendo em suas terras.
Matamba meio sem graça diz que tudo é por causa de Kitembu que foi embora sem nem mesmo avisá-la e conta para Nkosi de seu amor a Kitembu.
Nkosi como o grande protetor diz que irá ajudá-la procurando Kitembu e trazendo-o de volta, mais como se fazia noite e a pressa era primordial para evitar mais sofrimento aos humanos, Nkosi chama para ajudá-lo Nzazi para que com seus raios ilumine o caminho dando condições de Nkosi seguir viajem a procura de Kitembu.
Ninguém no mundo era mais rápido que Nkosi, pois conhecia todos os caminhos e valia-se do poder da transformação, podendo transforma-se em um Leão e obter maior velocidade ainda.
Assim Nzazi o faz, começa com uma tempestade de raios tão intensa que toda terra de Matamba se ilumina.
Dia e Noite Nkosi segue a trilha deixada por Kitembu em suas passagens, até que o encontra.
Percebendo a tristeza do amigo chega-se devagar e conversa, dizendo que tudo não passou de um mal entendido e que Matamba por ele nutre muito amor, porém não omite que pela atitude de ambos culminaram em um estrago de proporções catastróficas, matando toda floresta e criando desespero e fome entre animais e humanos.
Kitembu volta de certa forma furioso, pois não pensou no mal que sua atitude poderia trazer as pessoas, mas contente por saber que Matamba por ele sente algo.
Ao chegar no local e verificar tanto estrago, Kitembo determina que para salvar o local, haveria a necessidade da união de todos, pois o trabalho era por demais devastador.
Assim o fizeram, todos os Jinkisi se apresentam e em reunião decidem como fazer a terra voltar ao seu estado e as pessoas voltarem para ela.
Katende traz as sementes das ervas e plantas que morreram para repovoar a floresta, Kabila se encarrega de formar os rebanhos e guiá-los de volta as terras, Angorô se encarrega de transportar a água para as nuvens, Nzazi junto a Matamba ajuda a fazê-las cair, Mpambu Njila, fica nos caminhos para ajudar a guiar os que estão voltando, Mutakalambu trás de volta as abelhas para ajudar a polimerização das novas plantas que surgem, Ndanda Lunda se encarrega de reconstruir os rios e cachoeiras, Kaia, pede as Kiandas suas primas para que empurrem os peixes do mar de volta aos rios, Nsumbu se encarrega de tratar dos desfalecidos e cansados pela fome, servindo-lhes na folha de mamona várias iguarias, e assim se segue com outros Jinkisis, cada qual fazendo sua parte e ajudando a remontar as terras de Matamba.
Porém a tragédia foi tão grande que muitos que voltaram eram crianças e não sabiam bem o que deveriam fazer, não sabiam caçar, nem pescar, não sabiam lidar com madeira, não sabiam cultivar, teriam que aprender e rápido, para que o grande criador Nzambi Mpungu, não chamassem a todos para o duílo (Céu) de volta.
Por mais que trabalhassem colocando os Nvunji com as crianças, Nzambi veio a saber da tragédia.
Nzambi desce até o Ixi (Terra), para se ter com os Jinkisi, convoca-os para uma reunião para dar sua determinação.
Após acertarem detalhes, Nzambi parte para o duílo outra vez deixando suas pegadas em uma das rochas ainda quente da reconstrução, pois de tantos raios que Nzazi mandou acabou por esquentar o local a tal ponto que até as rochas derreteram.
Após a determinação dada por Nzambi, o reino de Matamba é dividido em nove aldeias e cada qual irá cultuar agora seu próprio Nkisi evitando assim a catástrofe repetir.
Kitembu providencia algo para relembrar a força da união, pede a Katende que traga para ele uma determinada semente, e planta ela informando que será um símbolo seu e de Matamba.
Essa semente é tão especial que cresce rápida uma ao lado da outra, porém não é nenhuma árvore como todos pensavam.
Eles perguntam a Kitembu que porcaria de semente é aquela que não dá frutos para matar a fome do povo, enfim...
Kitembu ri, e diz, este é o Bambu é o símbolo da união, cada gomo dele representa um de vocês, e ele será o símbolo de nossa Nação, com ele o povo poderá construir casas rapidamente, construir móveis para suas casas, construir ferramentas e material de caça, como o arco e fecha, a lança, vara de pescar e pulsares de pescas, tochas para iluminação, ponte para atravessar os rios ou mesmos barcos, poderá fazer seus utensílios domésticos como colheres, pratos, copos, poderá criar cercas, pra manter seu rebanho longe dos perigos da floresta, cestos, esteiras, e ainda as mulheres poderão fazer suas pulseiras e ficarem bonitas além de brinquedos para estas crianças.
Ele é fácil de ser manuseado, e terá a representação do poder de vida e de morte, pois nem mesmo com a pior das tempestades ele irá quebrar, ele simplesmente se curva e flexível não quebra.
Matamba deixará nele sempre as oferendas para aqueles que morreram, e será responsável por aliviar seus sofrimentos.
Todas as aldeias que participavam também dessa reunião de apresentação, adoraram o Bambu.
Satisfeitos por tanta sabedoria e presteza de todos os Jinkisi, mas principalmente pela inteligência de Kitembu, em sua homenagem para que ele sempre saiba onde eles estão, usam o Bambu mais alto para por uma bandeira branca e rezam para Kitembu, para que sempre os guiem em direções boas.
Hoje sabemos que o Bambu é uma “madeira” ecologicamente correta, pois não é necessária a destruição da natureza para se ter grandes quantidades de Bambu.
Ele é de fácil plantio e cresce numa velocidade veloz, serve realmente para tudo. É reconhecido como o aço vegetal por sua força em estruturas.
Assim os ekanda Bantu nunca mais passaram por desespero, pois podem contar que estão sempre sendo observados por Kitembu.
Kitembu/Tembu ê. Nzala Tembu!




sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ibejis, Erês, Crianças...

Ola,


Dizem que a melhor maneira de nos tornarmos imortais é perpetuar o conhecimento.Com a devida autorização, registrada em 3 cartórios, com 4 avalistas, dois desembargadores, recolhimento de taxas e honorários, tudo selado com um abraço, posto aqui uma matéria de uma amigo chamado Cláudio El Jabel (kambami) da rede Brasileira de Umbanda.Unidos pela chatice!!!!


Segue o texto do "honolável" amigo Cláudio, que está no endereço:
http://www.rbu.com.br/forum/topics/primavera-tempo-de-sao-cosme


Não se sabe ao certo de quando começou a referência de dar doces para as crianças em troca dos pedidos feitos aos santos.
Alguns falam sobre um sincretismo invertido, ligando o fato ao Candomblé mais precisamente ao culto de Ibeji na cultura Yorùbá, porém como irei descrever aqui perceberam que se torna bem difícil em acreditar em tal sincretismo, mesmo porque o culto a Ibeji o mais relacionado aos santos católicos em nada tem com curas ou mesmo com doces.


O que eu acredito é que sabendo que Cosme e Damião eram crianças que vieram à torna-se jovens e usar da medicina para aplacar o mal nas pessoas, foram vistos de certa forma mais infantis do que eram e o dar doces para as crianças nada mais foi que uma intenção de estar agradando aos gêmeos, ou ainda que possa ter se misturado a uma passagem bíblica de Caim e Abel quando um dá o carneiro como sacrifício e o outro dá frutas e legumes.
Em festas de Cosme e Damião também é comum oferendas de frutas para as crianças.


O texto contém palavras em latim extremamente arcaico que correspondem a uma dedicatória aos dióscuros, Castor e Polideuces, conhecidos entre os romanos por "Castor e Pólux":


CASTOREI PODLOUQUEIQUE QUROIS


A correta interpretação dessas palavras, escritas numa mistura de caracteres gregos e latinos primitivos da direita para a esquerda, ainda tem muitos problemas. Podlouqueique parece significar "para Pólux" e qurois parece, simplesmente, uma latinização da palavra grega κοῦροι, "rapazes". "Aos jovens Castor e Pólux", possivelmente.


"A inscrição não manifesta qualquer influência etrusca. Em Lavínio os dois heróis foram venerados com características puramente gregas, quase desde o tempo da sua introdução em Roma" (Bloch).


É um excelente exemplo da influência da língua grega sobre o latim do Período Arcaico. É bem provável que essa antiga inscrição latina tenha sido copiada quase que diretamente de uma inscrição grega...


http://greciantiga.org/img/out/i047.asp


A mitologia grega narra que logo após o surgimento do mundo (cosmos), a tarefa de criar os animais e os homens ficou para dois deuses: Epimeteu e Prometeu. O primeiro criava e o segundo fiscalizava a obra criada.


Epimeteu criou todos os animais, dotando cada um de uma característica. Para uns deu a coragem, para outros, a força, os dentes afiados, as unhas, etc. Após a criação de cada animal, finalmente criou o homem. Este, foi dotado de características especiais, como o fato de poder olhar para o alto. Enquanto os outros animais caminham olhando para o chão, o homem pode contemplar as estrelas. Epimeteu dotou cada animal de uma qualidade. Como o homem foi criado por último, o estoque das qualidades estava reduzido. Então ele e Prometeu tomaram uma decisão inédita: com ajuda da deusa Minerva, Prometeu subiu ao céu e acendeu sua tocha no fogo do sol. Retornou à terra em seguida e deu o fogo de presente para o homem. Com o fogo, o homem pode cunhar moedas, fazer armas e mais uma porção de outras coisas interessantes.


O furto do fogo realizado por Prometeu despertou a ira de Júpiter que jurou vingança. Movido por tal desejo Júpiter preparou um "presente de grego" para Prometeu. Revirou toda a corte celeste e com ajuda dos deuses criou uma mulher para Prometeu. Ela chamava-se Pandora. Possuía muita beleza, poder de persuasão e o dom da música. Um presente assim, era mesmo muito difícil de ser rejeitado!


Pandora foi dada de presente para Prometeu e Epimeteu. Como todos nós, Epimeteu possuía seus segredos. Um deles era uma caixa, sempre fechada. Dentro dela, estavam todos os males possíveis e imaginados... Pandora, não ficou quieta, enquanto não abriu a caixa. Ao fazê-lo, deixou escapar pelo mundo todos os males. Preocupada, ela fechou a caixa correndo. Mas, já era tarde demais. Só restou, no fundo da caixa a esperança.


Na tradição bíblica, em que pese o fato, de ter sido a primeira que dera ouvidos à serpente, a mulher foi um presente de Deus para o homem. Deus, à semelhança da mitologia grega, também cria o homem por último. Após criá-lo coloca -o num jardim, cheio de flores e frutos. Em seu código de posturas, o homem poderia comer de todos os frutos com exceção de um. Tal qual Pandora, Eva não resistiu à tentação de provar do fruto proibido. Seu gesto também teve um preço elevado: a expulsão do paraíso.


A mulher, após criada por Deus, arranca grande admiração do homem: "é carne de minha carne, ossos dos meus ossos". Apesar de ter contraído o castigo de Deus após a desobediência, a mulher consegue arrancar dele também uma promessa: "...porei inimizade entre ti e a serpente, esta te ferirás o calcanhar e tu a esmagarás a cabeça..." Pela realização dessa promessa, Maria foi considerada a nova Eva, na qual, Deus recria a humanidade.


As duas tradições podem oferecer diferentes reflexões. Em ambas, há uma tentativa de transgressão dos limites humanos. Ser humano, é ter um limite, aliás, vários. Tais limites podem até ser rompidos, mas a conseqüência é a perda do paraíso.


Creio, que ainda hoje, a visão que se tem da mulher costuma ser permeada da influência desses dois mitos. Há quem a veja como uma bênção de Deus e daria tudo para ter a sua companhia. Há, por outro lado, quem pense diferente. Mas, a bem da verdade, também andam doidos para receber um presente de grego.


http://www.fiatlux.blogger.com.br/2006_04_01_archive.html


Caim e Abel


Mas as histórias trágicas envolvendo irmãos são antiqüíssimas e a mais célebre delas se encontra no Gênesis, o primeiro livro do Antigo Testamento, livro sagrado de judeus e cristãos, além de ser também uma excepcional obra literária, cada vez mais estudada por críticos de literatura, independentemente de suas crenças. Trata-se da história de Caim e Abel, os primeiros descendentes de Adão e Eva.


Tomado de inveja pela preferência que Deus demonstra em relação a seu irmão Abel, Caim o mata e se torna o primeiro fratricida (assassino do irmão) conhecido pela posteridade. Vale observar que Caim era agricultor e Abel pastor e que a narrativa talvez tenha um fundo histórico, retratando um conflito entre tribos pastoris e agrícolas, em tempos imemoriais.


No âmbito simbólico, a história de Abel e Caim tematiza a inveja e não é a única na Bíblia em que irmãos têm inveja entre si. Também no Gênesis se encontra o episódio de Esaú e Jacó. Para ter os privilégios de filho primogênito, Jacó com os auxílio de sua mãe, Rebeca, engana o pai Isaac, que estava cego, e recebeu dele a bênção que a tradição destinava a Esaú.


Embora tenha concordado com a trama e cedido seu direito à primogenitura por um mísero prato de lentilhas (o que simboliza a troca de um bem espiritual por um material), Esaú acaba querendo matar o irmão, que se vê obrigado a fugir. Mais tarde, porém, eles se reconciliam. O ciclo de narrativas relativo a Jacó é longo e seus 12 filhos dão origem às 12 tribos de Israel (nome adotado pelo próprio Jacó por ordem divina).


http://vestibular.uol.com.br/atualidades/ult1685u296.jhtm


Vivemos sempre na observação da dualidade. Yin e Yang [yinyang], masculino e feminino bom e ruim, magro e gordo, etc... Tudo isso deixando claro nossas observações e a busca de entender estes dois lados da moeda. O mundo se mantém em equilíbrio utilizando sempre destas duas forças opostas e que se complementam.


Na verdade não há uma igualdade e sim uma similaridade, que nos confunde, porém há estudos que tentam provar o contrário mostrando que para cada ser vivente há seu similar em outra dimensão. Lembrando apenas que vivemos em um mundo de terceira dimensão.
Os gêmeos sempre fascinaram não pela duplicidade visível, mas por dar aos seres humanos o medo de entender como tal ato se processa.
O universo mítico é recheado de exemplos sobre os gêmeos e dentre tantos podemos citar, Kabasa e Kakulu( Os Suku na cultura Bantu), Tayewo e Kehinde (Ibeji na Cultura Yorùbá), Da Zodji e Nyohwe Ananu ou mesmo Mawu-Lisa ( Hohos da cultura Fon ), como Castor e Pólux, Esaú e Jacó Prometeu e Epimeteu, Rômulo e Remo, Osiris e Seth, Apolo e Ártemis, Caim e Abel, Marasa na Santeria Cubana e tantos outros como as tribos indígenas que fazem o chamado infanticídio.


Os gêmeos podem ser vistos como dádivas ou mesmo como algo não bem vindo como poderão observar através da leitura Castor e Polux estão relacionados à astrologia e a constelação de gêmeos. Ambos filhos de Zeus da mitologia Grega são o símbolo do amor fraternal.
Castor era o guerreiro destemido e impulsivo quanto a Polux, um músico calmo dando assim o chamado equilíbrio nessa irmandade.
Racionalidade e intuição fazem parte dessa dupla e segundo a lenda mitológica, Leda casa-se com Tíndaro Rei de Esparta mas na noite de núpcias ao ir banhar-se no lago acaba por encantar-se com Zeus que a observava em desejos na forma de um Cisne.
Conta-se então que ao se ver encantada pela bela ave, coloca-a em seu colo dando assim oportunidade para Zeus que estava em forma de Cisne fecundá-la. Terminando seu banho foi para casa e teve relações também com seu marido Tíndaro, tendo assim os gêmeos.


Nesse mesmo mito podemos observar diversas versões onde em uma delas é Leda quem transforma-se em uma gansa para fugir com Zeus. Seria o primeiro caso de adultério?


Ficando assim muito parecida com a concepção Hindu e Egípcia sobre o Ovo do Mundo ou Cósmico.


Tendo ela então dando a luz não a um par de gêmeos e sim a dois, sendo que Polux e Helena de Zeus e Castor e Clitemnestra de Tíndaro. A tradição hindu e do Egito Antigo ligam os gêmeos ao Ovo do Mundo.


Aqui entra então a parte que descreve com propriedade o culto a Ibeji na tradição Yorùbá sedido gentilmente pelo irmão ASOGBA ALAIYESOLA.


Fonte das informações


As informações aqui apresentadas compõem o acervo de registros do Ile Omiojuaro, Comunidade Religiosa fundada pela Iyalorisa Beata de Iyemoja em 25 de abril de 1985.
Correspondem a registros de conhecimento passado oralmente e pesquisas desenvolvidas ao longo de 17 anos por mim, Asogba daquela Comunidade, Ibeji (Taiwo) que mantenho em minha casa, graças ao conhecimento da minha Iyálorisa, o culto ao meu irmão – ausente aos 21 anos de idade (Kehinde).


Sou Ibeji, o primeiro a nascer (Taiwo) quando a divindade presenteou a minha mãe. Com a ida do meu irmão (Kehinde) “ao mercado”, tornei-me o responsável por ele, e assim sou o seu cultuador.
É através deste culto que há muitos anos amenizo a saudade que sinto do meu irmão, cuidando do “ere Ibeji” (escultura de madeira) no altar que mantenho para ele em casa, na minha sala, e conforto-me com a certeza de que um dia o encontrarei de novo, e que, assim como fiz com ele, alguém de minha família providenciará um “ere Ibeji” e os devidos rituais para acomodar a parte do espírito que ainda mora em meu corpo, e então, unido de novo ao meu gêmeo, continuarei existindo junto aos meus descendentes.
De que me adiantaria crer, viver, desejar, sorrir, sofrer e chorar por tudo isso se eu não pudesse dividir com ninguém?
Acredito que a função de todo aquele que cultua orisa seja contribuir para que o culto seja sempre aumentado, o que, conseqüentemente, contribui para a importância do orisa.
Acredito, também, que cada iniciado que silencia sobre o seu culto ou o esconde, contribui para a sua extinção.


"Mo júbà òwòòwò Asogba Alaiyesola, Olorun jé kí gbogbo ojó ayé ni ó yemí o, apá ara kon àti ifé púpò ti òré yin Kambami" àse, àse, àse ò!
Eu o saúdo respeitosamente Asogba Alaiyesola, Deus permita que todos os dias de sua vida sejam felizes, apresento os meus respeitos com um abraço e muito carinho do amigo Kambami. assim seja!"


Ìbejì e Cosme & Damião


Embora eu não faça nenhuma relação entre Ìbejì e os santos católicos Cosme e Damião, entendo que é graças à devoção de muitas pessoas aos santos católicos gêmeos que Ìbejì não foi totalmente apagado do nosso culto.
Acredito também que foi graças a essa mesma devoção que o culto aos Ìbejì se distanciou dos gêmeos nascidos, porque aconteceu que Ìbejì passou a ser visto somente como "santo", e não mais como "a divindade que vem morar conosco".
Estamos lidando com valores culturais, questões que não são fáceis de mudar.
Enfim, certamente o pior seria o total esquecimento.


A origem de Ibeji


Acredita-se que a sociedade de Ibeji começou em Isokun (terras que foram, mais tarde, fundidas com o território de Oyo). Havia naquela cidade um local em que os macacos tiveram os primeiros gêmeos. Uma história diz que a primeira mãe de Ibeji era a esposa de um fazendeiro pobre; em outra história a mãe era esposa do Oba que governou Isokun.
O macaco associado a Ìbejì é o "colobo polykomos", ou "colobo real" (chamado em Yorùbá de Edun Oròòkun) objeto de admiração e mística. Eles têm a pelagem na cor preta, com detalhes brancos. São considerados mensageiros dos deuses e aqueles que aos deuses podem ouvir, devido a um costume que lhes é peculiar. Ao amanhecer ficam acordados em silêncio no alto das árvores, como se estivessem em oração. A fêmea, quando vai parir, afasta-se do bando, retornando no dia seguinte trazendo às costas o seu filhote (que nasce totalmente branco). Seus filhotes são considerados a reencarnação dos gêmeos que morrem, cujos espíritos, que ficam vagando pela floresta, ao serem encontrados, são resgatados pelas mães colobos.





Nascimento de Ibeji (divindade + orí + ara)


Um espírito para nascer necessita de um ara (corpo). Para ter um corpo o espírito necessita de um ori (conjunto de caminhos, possibilidades, personalidade, valores intimamente pessoais). Uma vez nascido o espírito fica preso ao corpo e ao ori, o que lhe dá a personalidade “humana”. Os pais de Ibeji quando consultam o jogo conversam com a essência da “divindade”, e não com o resultado do seu nascimento, que são as crianças (divindade + ori + ara)




Ibeji, a divindade que escolhe onde nascer.


Baseado no entendimento de que para cada ser que nasce um equivalente permanece no Orun a espera do retorno do espírito que veio para o aiye, durante muito tempo o nascimento de gêmeos foi visto pelos povos yoruba e por outros, como mau presságio - desequilibrio que poderia atrair infortúnio. Por esta razão os gêmeos eram sacrificados, inicialmente as duas crianças, depois somente uma, como forma de devolver ao Orun o espírito que lá deveria ter ficado.


Uma história conta que durante a época em que os Ibeji eram sacrificados um casal morador da cidade de Isokun que acabara de dar a luz a Ibeji, apaixonado pelos filhos, na esperança de conseguir para eles outra sorte que não a morte, decidiu apelar a Ifá pela vida das crianças. Para alegria do pai e da mãe, Ifá não só determinou que as crianças fossem poupadas como proibiu o sacrifício de qualquer outro Ibeji. Esclareceu que o duplo nascimento, na verdade, deveria ser motivo de orgulho, honra e alegria, pois o mesmo correspondia à presença da divindade no Aiye. Foi determinado, ainda, que os pais dançassem em torno da cidade e que todos aqueles que cruzassem o caminho de Ibeji deveriam lhe render homenagens.


O culto a Ibeji.


O culto a Ibeji entra numa família a partir do nascimento de Ibeji (gêmeos). É o fato de Ibeji escolher aquele pai, aquela mãe e, consequente aquela família, que dá início ao culto, pois, uma vez nascido, Ibeji jamais abandonará a família.


O culto através das esculturas admite duas razões: a primeira consiste de um pequeno altar com um casal (ere Ibeji) representando a divindade (no lar de gêmeos), onde poderão ser depositadas oferendas ao Orisa; a segunda, surge com a ausência de um dos gêmeos, ou dos dois. Para cada gêmeo ausente (não se deve dizer que um gêmeo morreu, mas sim que foi ao mercado) um boneco deve ser esculpido com o propósito de acomodar o seu espírito e mantê-lo vivo no seio familiar. A escultura terá formas femininas se o gêmeo ausente for menina, e formas masculinas se o gêmeo ausente for menino. No caso de as duas crianças serem meninos, e ambos se ausentarem, dois bonecos com formas masculinas serão erguidos para acomodar-lhes o espírito.


Usa-se um casal no caso da representação da divindade, porque Ibeji não tem sexo definido. É uma divindade que pode se manifestar (nascer) como menino ou como menina.





Certamente que todo e qualquer procedimento deve ser operado por pessoa competente.


O fato de haver gêmeos em uma casa não obriga a família a organizar um altar para a divindade Ibeji. Deverá, no entanto, cuidar de consultar a divindade (Ibeji) através do jogo, pois certamente haverá exigências à serem cumpridas, que poderão ser ebó ou mesmo alterações na rotina doméstica. Há de se lembrar que aqueles que têm crianças gêmeas dentro de casa têm, na verdade, a divindade em sua mais bela manifestação - "viva", vivendo e convivendo entre as pessoas.


O nascimento de gêmeos (Ibeji) é dos mais nobres - se não o mais nobre - presente que Olorun pode conceder à uma família e, uma vez presente de Olorun, é presente de todo e qualquer Òrìsà.
É determinante que não há como se falar, ou mesmo pensar em cultuar Ibeji se não através dos nascidos gêmeos.
Desde recém nascidos, à mais velha idade, qualquer pessoa gêmea é o próprio Òrìsà, que por alguma razão decidiu compatilhar, mais uma vez, o aiye com as pessoas.


Tayewo e Kehinde





Essas são as classificações dos gêmeos, sendo Tayewo (Aquele que vem na frente, o que primeiro prova o mundo) o primeiro dos gêmeos a nascer, e Kehinde (Aquele que vem atrás, que chega por último), o segundo dos gêmeos a nascer.


Embora Tayewo seja o primeiro a nascer ele é o mais novo (aburo). Kehinde, o mais velho (egbon), aguarda a recepção dada a Tayewo para então se decidir a vir ao mundo ou voltar para o Orun. Sem ter a certeza de que será recebido com honras e alegria, Kehinde usa a recepção dada ao irmão como termômetro para avaliar se valerá honrar a família com o nascimento duplo.


Essas classificações devem constar nos nomes das crianças, podendo, por exemplo, uma criança para a qual os pais escolheram dar o nome de Marcio, vir a ser registrado como “Marcio Tayewo” (ou Marcio Tayo), se for o primeiro a nascer, ou “Marcio Kehinde”, se for o segundo a nascer. O mesmo deve acontecer se o bebê for menina, devendo se chamar, por exemplo, “Márcia Tayewo” (ou Márcia Tayo), se for a primeira a nascer, e “Márcia Kehinde” se for a segunda a nascer.


Ibeji, a divindade, e Ibeji, as crianças gêmeas


Sendo o culto a Ibeji o culto aos gêmeos, é fundamental que as pessoas se lembrem do Òrìsà Ibeji quando estiverem diante de gêmeos. Assim sendo, é importante conhecer um pouco do carater desse Òrìsà.
Ibeji gosta de levar prosperidade às pessoas, assim como alegria e saúde. O Òrìsà multiplica o seu asé entre aqueles que o reverenciam diante dos gêmeos.





Não importa em si o comportamento dos gêmeos, sejam eles crianças ou adultos, o importante é que eles são o próprio asé do Òrìsà.
Se uma pessoa recebe a visita de gêmeos em sua casa deve tratá-los com alegria, carinho e atenção, e certamente o seu dia será especial.
Deve lhes demonstrar satisfação e preferência, tratando-os com honras, considerando-os, realmente, como uma visita ilustre.
Desde que se sintam bem, por onde passarem os gêmeos levarão alegria, tranquilidade e prosperidade.
Se a pessoa já estiver se sentindo feliz deverá agradecer ao Òrìsà por multiplicar a sua alegria ao proporcionar-lhe o encontro com os gêmeos; se estiver se sentindo triste, ou num dia ruim, deverá agradecer ao Òrìsà por demonstrar sua preocupação ao levar-lhe os gêmeos, porque certamente algo de bom irá acontecer.


É muito importante lembrar sempre que, estar com gêmeos é estar com os Òrìsà.
Referente, ainda, ao carater do Òrìsà, é importante saber, também, que Ibeji não admite maus tratos aos gêmeos, seja de uma pessoa qualquer, seja dos próprios pais. Qualquer mal feito aos gêmeos poderá ser vingado. E nessa área, Ibeji é implacável, pois não perdoam ninguém.
Se os pais dos gêmeos se mostram pessoas dignas e honradas, serão sagrados para Ibeji, e protegidos de todo e qualquer mal.


Quem é o pai e quem é a mãe de Ibeji?


Ibeji é uma divindade que comporta em si os princípios masculino e feminino. Como já disse, não se trata de um ser hermafrodito ou de um alguém que possa ser visto tanto como masculino como feminino. Ele tem os dois princípios por ser duplo. A opção pelo gênero só é obtida quando do nascimento das crianças.
Ibeji é responsável pelo fenômeno da duplicação, podendo causá-lo em um espírito comum ou em um espírito Abiku, pois o que ocorre é que um único espírito se acomoda em dois corpos (um ser ocupando dois espaços ao mesmo tempo).


Os pais e as mães de Ibeji são os homens e as mulheres que a divindade escolhe para gerar e criar a sua presença no aiye, ou seja, todos aqueles que têm filhos gêmeos. Assim sendo, encontramos nas histórias reis e rainhas que foram presenteadas pela duplicação no parto (dádiva obtida graças aos seus feitos). Nesses casos, o responsável por tal benefício é o orisa do rei.


Sendo o rei descendente da divindade (o orisa do reino), e sendo ele pai de Ibeji, também o seu orisa é visto como pai de Ibeji e, conseqüentemente, detentor do poder dos gêmeos, por isso temos nas lendas Sango e Osoosi como os principais concorrentes para a paternidade de Ibeji, já que foi dos reinos de Oyo e Ketu que vieram o maior número de negros yoruba para o Brasil. A mãe, naturalmente, são as ayaba que mantiveram relacionamento histórico com aqueles dois orisa (Osun e Oya, principalmente).


Ibeji que cultua o irmão ausente (foi ao mercado)


Se uma pessoa visita uma casa onde sabe que reside Ibeji, sendo que um presente (vivo) e um ausente (cultuado no “Ere Ibeji” = escultura de madeira) -, deve o visitante ir até o local em que está o “Ere” e o cumprimentar. Não é necessária reverência do tipo “bater cabeça”, mas algo que demonstre atenção, ainda que seja um “Olá fulano” (o nome dele/a deverá sempre ser mencionado). Se não tiver intimidade para tocar no “Ere” (escultura), deverá ao menos tocar no local em que ele estiver, seja um altar, um móvel etc. Poderá, por exemplo, pedir-lhe (em voz) que traga alegria, saúde, dinheiro, um amor, um trabalho, uma casa etc., ou agradecer, se não estiver precisando de nada, pedindo, então, que nunca venha a precisar.


Se a razão da visita for o aniversário dos Ibeji deverá lembrar que, se resolver levar um presente para gêmeo presente (vivo), deverá levar também para o outro. Normalmente uma miniatura ou algo que sirva ao seu altar, ou seja, se der uma blusa ao gêmeo presente (vivo), poderá comprar uma blusa em loja de roupas para bonecos e colocar junto do “Ere Ibeji” (escultura). É conveniente que se procure presente que seja fácil encontrar miniatura, como por exemplo, uma garrafa de vinho, um par de sandálias, um perfume etc.














Ibeji X Ere


É possível que a confusão em torno do culto a Ibeji, que leva grande número de pessoas a associá-lo aos Ere (manifestação infantil presente no culto aos Orisa)tenha duas motivações. Primeiro, o fato de que o culto a Ibeji se dá através do "Ere Ibeji" = escultura de madeira, que pode ter se confundido com o "Eré" (manifestação infantil), que significa "brincadeira"; segundo, o fato de se tratar de crianças. Contudo, é importante que se entenda que Ibeji está longe do aspécto infantil e doce que costumam lhe atribuir. Ao contrário, é um Òrìsà severo em suas questões, com poder comparado, inúmeras vezes, ao de Èsú e das Eleiye.


As modificações e adaptações no culto Ibeji


O culto de Ibeji sofreu algumas modificações. A principal delas foi o fato de ser cultuado como orisa. Mesmo tendo ocorrido, a iniciação de Ibeji não é algo comum ou praticado por todos os ase. Possivelmente casas que iniciam Ibeji determinam, ou não, o assentamento de Esu (cada casa tem sua regra e cada pessoa tem suas necessidades). Quanto ao Ere, é importante diferenciá-lo de Ibeji, pois não são a mesma coisa. Sendo Ibeji cultuado como orisa poderá naturalmente haver um Ere já que este representa um estágio entre o orisa e a pessoa. Quanto ao nome, também depende dos costumes da casa. “Normalmente” os Ere escolhem nomes que os permitam serem facilmente identificados, de acordo com os costumes de cada casa.


Ibeji (vivo) que “não” cultua o irmão ausente


Como lidar com um único Ibeji (gêmeo vivo) que “não” cultua o irmão ausente (que foi ao mercado).
Se o Ibeji presente (vivo) não mantém culto ao irmão ausente nem se interessa pelo assunto, ainda assim é importante que as pessoas que conhecem sobre Ibeji não se esqueçam que diante dele estarão diante da divindade Ibeji.


Se por alguma razão, sendo aniversário ou não, alguém resolve dar um presente ao Ibeji presente (vivo), deverá lhe comprar dois presentes, iguais ou semelhantes.


Mesmo que não se toque no assunto referente ao culto, a pessoa que comprar o presente poderá dizer ao Ibeji que comprou dois objetos por ele ser gêmeo (um Ibeji não precisa saber sobre Ibeji para o ser).


A função de Oya e os Chifres no culto a Ibeji








Quando se busca uma relação familiar de Ibeji com outras divindades, encontra-se entre as mães Oya, que ao deixá-los para serem criados por Osun teria lhes dado um par de chifres (ela se transformava em búfalo) para que eles batessem sempre que precisassem dela. Assim, o par de chifre representa a comunicação de Ibeji com a “mãe” Oya.




Ìtòn/Itan/Lenda de Ìbèjì


Essa história conta que a esposa de Oduduwa após dar a luz a Ibeji viu os filhos serem malvistos pelo povo, considerados como espíritos ruins, perigosos, tratados que se fossem demônios (Osemowe).


Ao ver que o medo que as pessoas estavam demonstrando dos gêmeos faria com que os seus filhos fossem sentenciados à morte, Oduduwa, para livra-los do destino que os aguardava, determinou que a mãe os levasse embora, que fosse com eles viver na floresta, onde pudesse lhes garantir a vida.


A mulher acatou as ordens de Oduduwa e foi para a floresta, onde viveu cuidando dos filhos Ibeji até que eles crescessem e assumissem o próprio destino.


Assim ocorreu, os filhos cresceram e obtiveram conquistas, vindo o menino a se tornar o Oba de Ile-Oluji, chamado de Ijamo, e a menina rainha de Ondo, ambos os reinos considerados gêmeos graças aos Ibeji.





Por que dizemos “O Ibeji” e não “A Ibeji”


A língua portuguesa contribui para a masculinização de alguns conceitos, pois é correto dizer “eles são gêmeos” mesmo que se trate de um casal de gêmeos, assim como podemos dizer “os meninos”, para um grupo composto por meninos e meninas. Da mesma forma, podemos dizer “eles são Ibeji” quando avistamos dois meninos gêmeos, duas meninas gêmeas ou mesmo um casal de gêmeos.


Nos acostumamos a tratar as divindades como “Orisa”, palavra que acolhemos como masculina. A mesma coisa aconteceu com Ibeji, por isso dizemos “o Ibeji”. No entanto, Ibeji não apresenta somente uma definição de gênero ou sexo, pois embora seja um único espírito, ocupa dois espaços ao mesmo tempo. Todos os seus princípios são duplicados, o que não significa que seja andrógino ou hermafrodita, pois terá gênero e sexo determinados “a partir do nascimento”. Ibeji corresponde à duplicação dos princípios, representando sempre o dobro, os extremos e os opostos, ou seja, é macho e fêmea, dia e noite, bem e mal etc.


Ao nascer Ibeji pode decidir por duplicar um único princípio (no caso de dois meninos ou duas meninas) ou pode, como já esclarecido, decidir pelos dois princípios ao mesmo tempo (no caso de nascer um casal).


Por esta razão é que, se o altar para Ibeji for dedicado a acomodar os(s) espírito(s) do(s) gêmeo(s) que se ausentou/ausentaram (foi/foram ao mercado), deverá ser composto por “Ere Ibeji” que reproduzam o gênero das pessoas ausente, ou seja, masculino para homens e feminino para mulheres (dois “Ere” masculino para o caso de dois filhos meninos; dois “Ere” feminino para o caso de duas crianças meninas e um casal de “Ere” para o caso dos gêmeos serem um menino e uma menina).


De outra forma, se o altar tiver função central, coletiva, dedicado tão somente à divindade, deverá ser composto por um casal, somente porque assim estará deixando claro que Ibeji comporta em si aqueles dois princípios (masculino e feminino).





Sobre as imagens ou esculturas representativas de Ibeji


Infelismente pelo fato da inculturação já existente até em países africanos, hoje podemos pereber mães carregando bonecos/cas de plático na representação dos Ibeji, porém o correto é que sejam confeccionados em madeira e com todos os rituais de invocação referentes ao culto.





Noimoto, a Yoruba woman,
is using a plastic doll as an ere Ibeji
Photographed by Marilyn Houlberg,
Igbo-Ora, Nigeria, 1970


Vou utilizar uma história triste para ilustrar três possíveis situações que podem originar o culto de Ibeji através do “ere Ibeji” (esculturas de madeira).


Imaginemos três mulheres, sendo duas iyawo (iniciadas no candomblé) e uma mulher não iniciada, que deram a luz a Ibeji (tiveram filhos gêmeos) da seguinte forma:
A primeira iyawo, a quem chamaremos de “Ekini”, deu a luz a Ibeji em dois meninos;
a segunda iyawo, a quem chamaremos de “Ekeji”, deu a luz a Ibeji em duas meninas e a mulher não iniciada, a quem chamaremos de “Abiyan” deu a luz a Ibeji em um casal.
Três nascimentos distintos de Ibeji.


O primeiro
As duas iyawo procuraram suas casas de candomblé e, através do seus babalorisa/iyalorisa, passaram a cultuar a divindade Ibeji, ouvindo suas recomendações e exigências, e apresentando oferendas no altar de Ibeji, onde poderão estar dois “ere Ibeji”, uma com formato masculino e uma com formato feminino, representando os dois princípios de Ibeji.
A mulher não iniciada, “Abiyan”, como nada entendia de candomblé, nada fez em relação a Ibeji.


O segundo


Quando os gêmeos de Ekini completaram 10 anos de idade um deles se ausentou (foi ao mercado), levando o babalorisa a preparar um “ere Ibeji” com formato masculino para acomodar o espírito e mantê-lo em casa com a família.
Para infelicidade daquela mãe ao completar 15 anos de idade o gêmeo vivo também se ausentou (foi ao mercado), dando origem ao segundo “ere Ibeji”, também com formato masculino, para acomodação do espírito. Assim Ekini continuou com os Ibeji dentro de casa, cultuando-os como se vivos estivessem.


Quando a própria Ekini veio a falecer, antes do enterro novo jogo foi feito para saber das exigências de Ibeji, que poderiam decidir ficar para serem cultuados por alguém da família ou partirem com a mãe. Para aumentar a tristeza dos familiares eles decidiram partir com a mãe e assim, após os rituais necessários os dois “ere Ibeji” foram postos no caixão da mãe, e com ela sepultados, pondo fim ao culto de Ibeji naquela família.




No caso da segunda iyawo, Ekeji, uma das meninas se ausentou aos 30 anos de idade, levando o babalorisa a preparar um “ere Ibeji” com formato feminino para acomodação do espírito da criança ausente.


Vindo a mãe a falecer, anos depois, a menina que sobreviveu passou a cuidar do “ere Ibeji” de sua irmã, levando-a para sua casa e compartilhando com ela tudo o que conquistara.


Aos setenta anos de idade esta veio a falecer, e novo jogo foi feito para saber das exigências da divindade, que decidiu continuar na família. Assim, os filhos providenciaram para que pessoa capacitada preparasse o segundo “ere Ibeji”, também com formato feminino, para unir-se ao primeiro e continuar integrando a família. Também foi através do jogo que Ibeji decidiu com qual dos filhos passaria a morar, ou seja, qual dos filhos se encarregaria de cuidar dos “ere Ibeji”.


O terceiro


A mulher não iniciada, de nome “Abiyan”, que deu a luz a Ibeji em um casal, mesmo não tendo envolvimento com religião decidiu que por conta de ser mãe de gêmeos distribuiria doces às crianças no dia de Cosme e Damião. Deve-se observar que fazendo isso ela está compartilhando com outras crianças algo que ela faz em função dos gêmeos, ou seja, ela distribui às crianças doces que os seus filhos (gêmeos) também comem.


Se pensarmos também que normalmente quem distribue doces “de Cosme e Damião” costuma contar com ajuda de outros familiares ou amigos para comprar, ensacar e distribuir os saquinhos, e que essas pessoas também comem os doces, temos um número ainda maior de pessoas agradando Ibeji sem saber.


(De forma geral isso acontece com qualquer pessoa, seja Ibeji ou não, uma vez que, ao menos nos aniversários, é comum se compartilhar com parentes e amigos o que nos é oferecido, seja bolo, docinhos, salgadinhos, almoço, jantar etc. A diferença é que no culto aos Ibeji o sujeito da oferenda é a divindade, através dos gêmeos, e todos os que participam não só recebem o que está sendo dividido, como também oferecem, pois todos desejam oferecer à divindade para então receber).


Num determinado dia, quando os gêmeos de “Abiyan” estavam com 20 anos de idade a menina se ausentou (foi para o mercado), deixando grande tristeza na família. Com o passar do tempo a mãe observando que o filho (gêmeo) não se recuperava de uma tristeza imensa resolveu procurar ajuda espiritual, quando, então, foi orientada a procurar uma casa de candomblé.
Lá ela foi informada do culto de Ibeji e de suas formas. Assim, mesmo não tendo intenção de se iniciar ou envolver mais intimamente com o culto aos Orisa ela aceitou que fosse providenciado o culto de sua filha através do “ere Ibeji”. Feitos os rituais, Abiyan levou a figura com formato feminino para casa e, junto ao filho passa a cultuá-la.
Vinte anos depois o filho de Abiyan se ausentou (foi ao mercado), e novamente ela procurou a mesma casa para saber o que deveria fazer. Novamente foram feitos os rituais e dessa vez uma imagem com formato masculino foi levada para casa para juntar-se a da menina, e juntas serem cultuadas como sendo os seus próprios filhos.


Espero que com essa triste história tenha conseguido mostrar três formas distintas de se cultuar Ibeji, sendo a primeira com duas imagens com formato masculino, a segunda com duas imagens com formato feminino e a terceira com uma imagem com formato feminino e outra com formato masculino.
Com a história quis mostrar, também que uma única imagem é cultuada quando somente um dos gêmeos se ausenta (vai ao mercado).


A história mostra, ainda, que o culto de Ibeji pode se extinguir em uma família quando a divindade decide não continuar sem a mãe.
Mostra, também, que em um altar central-coletivo, como o de uma casa de candomblé, onde o culto é voltado para a divindade em si, e não para a sua individualidade ao nascer, a divindade é representada por um casal, composição dos princípios masculino e feminino.


A estória é triste, mas foi importante para ilustrar as ocasiões em que se utilizam “as imagens” de Ibeji (ere Ibeji).


Quanto ao sofrimento da mãe, tenho certeza de que será imenso e inesquecível.


Quanto a ida dos Ibeji “ao mercado”, se antes ou depois da mãe, não existem regras.


Os Ibeji, da mesma forma que os Abiku, são autônomos, ou seja, decidem quando e onde nascer, assim como quando retornar.


A princípio cada espírito nascido caminhará sobre a terra até que seu corpo não agüente mais; cada qual construindo seu caminho conforme as possibilidades do ori escolhido.


Já os Ibeji e os Abiku poderão ou não viver o amanhã, ou seja, eles analisam o hoje para saberem se estarão aqui amanhã. Por isso a importância de tratá-los com muito cuidado, muito amor, para que eles se sintam importantes para as pessoas à sua volta.


Embora Ibeji seja poderoso, capaz de mudar costumes e até mesmo as vidas das pessoas; capaz de agir de forma exigente e intransigente; por vezes perigosos, prontos a matar para defender a sua própria existência, tudo isso só ocorrerá se a divindade entender que vale a pena manter-se no seio de uma família.


Digamos que numa família onde tenha Ibeji somente uma pessoa os trate com desprezo, seja o pai, a mãe, ou qualquer outra pessoa, Ibeji poderá voltar-se contra ela. Se, no entanto, eles (Ibeji) entenderem que já não são queridos e importantes para a família, que já não são motivo de “alegria”, ai sim, poderão desistir de conviver com as pessoas.
Ibeji escolhe uma família e nela nasce com o objetivo de trazer-lhe honra, prosperidade, saúde, alegria e toda qualidade de boa sorte, porém, como a maioria de nós, espera algo em troca, quer seja honra, atenção, amor, respeito, ...


Encontrando esses sentimentos poderão caminhar sobre a terra até que os seus corpos não agüentem mais, e ainda assim desejar continuar na família através dos “ere Ibeji”, honrando e sendo honrado, gerando prosperidade, alegrias e todo o tipo de boa sorte.


Ibeji e a prosperidade


Edun sere lori igi
Fi ese mejeji be sile alákisà
Se ore alákisà timo timo
So alákisa di aláso
So alágbe di olóunje
So òtòsi di olóro
Èjiré, mba bí mba la


Tradução


Edun (relação com o macaco) que brinca sobre as árvores
Salta com os dois pés na casa do mal sucedido
Faz amizade intima com o pobre
Diz ao pobre para tornar-se próspero (possuidor de boas roupas)
Diz ao mendigo para se tornar farto em alimentos
Diz ao miserável para se tornar saudável, festivo.
Ejire, encontrando você encontrarei a prosperidade.


Ibeji adota inúmeros critérios na escolha de sua família e um deles está relacionado às condições financeiras, pois têm preferência por pessoas pobres e humildes. O objetivo ai é deixar visível a mudança que promove na vida da família já que representa prosperidade, alegria e toda qualidade de boa sorte. No entanto, não se trata de um milagre que acontece simplesmente pelo nascimento, mas sim das mudanças que esse nascimento causa na vida dos membros da família.
O entendimento é de que as pessoas deverão fazer sua parte para alcançar a prosperidade e a graça trazida pela divindade. Esse sacrifício faz parte do cumprimento às determinações de Ejire.


Os gêmios Ibeta (trigêmeos)


Nesta relação não é um culto a Ibeji e deverá ser observado pelo Babalawo a que princípio se referem.
Geralmente em solo Yoruba eles estariam destinados, comumente, o primeiro a cultuar o Òrìsà do pai, o segundo a cultuar Ifa e o terceiro a cultuar Egungun, mas não se trata de culto a Ibeji (que é exclusivo do duplo nascimento = multiplicação de um único espírito).


Cantiga de Ibeji (Orin Ìbejì)


Oníbejì bá òna re
Oníbejì ba lówó
Èjìré jo nìlé wa
Èjìré ayò gbé nilé


Aquele que tem gêmeos encontra bons caminhos
Aquele que tem gêmeos encontra dinheiro
Èjìré dança em nossa casa
Èjìré traz alegria para casa.




Orin Ìbejì


Mbá b í Ejìré,
Mbá jó.
Mbá bí Ejìré
Mbá yò.
Omo méjì ni Ejìré.
Tó sò ilé alákisà di aláso,
Ejìré wùn mí l'ómo o.
Edún-jobí,
Ejìré ara isokùn.


Se possuir Ejìré,
dançarei.
Se possuir Ejìré,
ficarei alegre.
Ejìré são duas crianças
que fazem o lar do malsucedido prosperar.
A ideia de possuir Ejìré é algo que me agrada.
Edúnjobí.
Ejìré vindo de Isokun.


ODÚ OKANRAN MEJI


Este Odú Ifá relata que uma árvore quando cortada deixa sempre uma parte dela presa a terra ( o toco do tronco ), logo entende-se que quando um dos gêmios vai ao mercado, deve-se entalhar a estatueta com as caracteristicas do gêmio que partiu dando a mesma também o nome dele e tudo o que for ofertado ao gêmio que permaneceu, também deverá ser ofertado ao que partiu.


Existem muitos mais detalhes sobre o culto a Ibeji, porém sei que a matéria aqui apresentada pelo irmão Alaiyesola é uma grande contribuição para que entendamos a cultura Yorùbá.




Pesquisa elaborada por Cláudio El Jabel (kambami), postada em Rede Brasileira de Umbanda.